A informação sobre o fechamento gradual das Escolas Familiares Rurais pela Secretaria de Estado da Educação (SED) foi o principal tema debatido no Programa Alesc Itinerante, em Chapecó, desta quarta-feira (27). O deputado Altair Silva (PP), presidente da Comissão de Agricultura e Desenvolvimento Rural da Assembleia Legislativa trouxe a discussão durante a votação final nas comissões do projeto de lei 20/2020, de sua autoria, que cria a Política Estadual de Incentivo à Permanência de Jovens e Adultos no Meio Rural.
“De nada adianta nós aprovarmos uma proposta para mantermos os jovens no campo e que incentive a sucessão familiar se o próprio Estado desestimula essa permanência. Nós precisamos ofertar educação de qualidade e promover ações conjuntas entre os órgãos públicos, mas essa decisão da SED vai contra tudo o que estamos tentando construir”, lamenta Altair Silva.
O parlamentar disse, ainda, que já marcou uma audiência com o secretário Aristides Cimadon para a próxima terça-feira, dia 3, para entender o que motivou a decisão. “Vamos unir esforços entre a Comissão de Agricultura e a Comissão de Educação para buscar soluções. O que todos os catarinenses podem ter certeza é que faremos tudo o que estiver ao nosso alcance para impedir essa atrocidade contra o futuro do agro catarinense”, destaca.
Estudantes e familiares são contra o fechamento
As Casas Familiares Rurais funcionam em pedagogia de alternância, sistema em que o estudante fica um período interno na escola e outro em casa. O objetivo deste tipo de colégio é promover a formação integral dos jovens dentro do meio rural, permitindo a eles atuar como profissionais do campo no futuro.
De acordo com dados da Associação Estadual das Casas Familiares Rurais (Arcafar), Santa Catarina possui 11 colégios em funcionamento. Elas atendem cerca de 680 alunos e empregam aproximadamente 150 profissionais entre professores, merendeiras e monitores noturnos.
Lindomar Albrecht é agricultor em Seara e tem um filho que estuda na Casa Familiar Rural (CFR) do município. Ele explicou que a decisão da SED foi uma surpresa, uma vez que “o único aviso que recebemos foi do cancelamento das matrículas para o próximo ano. Meu filho está matriculado para cursar o segundo ano do ensino médio, não sabemos o que fazer porque ele não pode perder um ano de estudo. Além disso, tem a questão da sucessão familiar nas propriedades, e essas escolas são muito importantes para que isso ocorra. Se não, quem vai produzir o alimento para as pessoas?”.
Estudantes de diversas CFRs estiveram presentes no Alesc Itinerante em Chapecó e entregaram ofícios ao deputado Altair Silva solicitando auxílio para evitar o fechamento das unidades de ensino.