Você já pensou em se tornar paranaense? Isso poderia ter acontecido em 1916, se Santa Catarina não tivesse assinado o Acordo de Limites com o Paraná. Há exatos 108 anos, Pinhalzinho foi integrada a Santa Catarina. No dia 20 de outubro de 1916, o então presidente da república, Wenceslau Brás Pereira Gomes, o governador de Santa Catarina, Felipe Schmidt, e o governador do Paraná, Afonso Camargo, assinaram no Rio de Janeiro um Acordo de Limites, encerrando uma disputa que já durava mais de 60 anos entre os dois estados.
A disputa territorial começou em 1853, quando o Paraná se emancipou da província de São Paulo. De acordo com o historiador do Museu Histórico de Pinhalzinho, Bruno Aranha, desde aquela época, os dois estados brigavam pela posse de uma área de 48 mil quilômetros. Pelo fato de um estado contestar o outro, toda a zona ficou conhecida como a região do Contestado. Santa Catarina entrou com uma ação judicial no Supremo Tribunal Federal (STF) em 1900, obtendo decisões favoráveis em 1904, 1909 e 1910. No entanto, o Paraná não aceitava esses vereditos. Paralelamente a essa disputa, foi desencadeado o conflito armado conhecido como a Guerra do Contestado.
A Guerra do Contestado, que ocorreu entre 1912 e 1916, foi provocada pela desapropriação de terras na região para a construção de uma ferrovia que ligaria São Paulo a Porto Alegre. A desapropriação gerou revolta entre a população cabocla que vivia na área. “Nessa época, a região onde hoje fica Pinhalzinho já era habitada por caboclos. Havia um núcleo de povoamento no Salto Bonito, onde hoje se situa a comunidade da Volta Grande”, explicou Bruno Aranha.
Ao final da guerra, em 1916, o acordo mediado por Wenceslau Brás resolveu a disputa. Embora Santa Catarina tenha cedido a região de Palmas e Pato Branco ao Paraná, o oeste catarinense, incluindo Pinhalzinho, foi finalmente integrado a Santa Catarina.
Alguns anos após o acordo, iniciou-se o processo de colonização na região, promovido pela Companhia Territorial Sul-Brasil, que em 1933 trouxe imigrantes de origem europeia, principalmente italianos e alemães vindos do Rio Grande do Sul, que se somaram à população cabocla que já se fazia presente.